A comunicação social tem efectuado um excelente trabalho na divulgação da importância do Psicólogo em situações de emergência.
Quando começámos a trabalhar nesta área, éramos poucos e foi difícil convencer quem de direito da importância que podíamos desempenhar.
Assistimos agora ao surgir de muitos psicólogos interessados nesta área, alguns porque pensam que será uma área que traz trabalho(dinheiro), outros pelo genuíno interesse de ajudar.
Tal como todas as áreas novas, começamos também a ouvir falar de intervenções mal feitas, sobretudo devido aos desconhecimento das técnicas de trabalho, falta de humildade dos técnicos de pedir ajuda a outros mais experientes e, a ideia que qualquer psicólogo pode efectuar este tipo de intervenção, o que é uma grande mentira, pois além de trazer consequências nefastas para as pessoas com quem intervimos, vem pôr em causa o trabalho desenvolvido por um grupo de psicólogos que trabalha nisto há pouco tempo... (4 anos).
Além de todas as consequências que um trabalho mal efectuado poderá ter, falaremos delas mais à frente, levantam-se questões éticas e deontológicas graves, que acreditamos que estes psicólogos ainda não pensaram, porque concerteza poucos parecem ter conhecimento dos códigos de ética que regulam a nossa actividade (foram alvo de post anterior).
Além do básico que qualquer psicólogo aprende na faculdade, existem técnicas específicas que terão de ser dominadas, bem como áreas de informação que temos que ter conhecimento.
exemplos:
Internamento de urgência, sempre que vamos a uma situação em que seja necessário um internamento de urgência (para saber definições apareçam na tertúlia de Cacilhas, ver post), é obrigatória a presença da autoridade policial, sempre... vem na lei. (pois é, também temos de saber de leis)
Pessoas barricadas em casa que metam em risco a vida delas ou de outras pessoas, meus amigos...não somos negociadores, podemos apenas desempenhar a nossa função até os negociadores chegarem, portanto, contactem a P.S.P. ou G.N.R., têm dúvidas?? temos elementos da nossa equipa tanto na G.N.R. quanto na P.S.P., peçam ajuda a quem sabe...
Conhecem os processos do funcionamento normal do luto? Parece que não, em todas as situações em que intervimos temos de fazer uma avaliação do que se está a passar, e não ir a correr ter com a pessoa que está a chorar. Pensem lá um pouco, se vos morresse alguém da familia de forma súbita e trágica qual seria a reacção mais adequada...
Psicólogo que se preze e saiba alguma coisa sobre emergência, não vai para um acidente prestar apoio psicológico sem conhecer os mecanismos de funcionamento das equipas de emergência, correcto? Ou parece-vos que qualquer psicólogo que se apresente perante uma situação de acidente sabe explicar a uma vítima ou familiar o que se está a passar à sua volta?
Pensem ainda se numa intervenção que estejam a fazer numa tentativa de suicídio e a pessoa acaba mesmo por se matar... de quem será a culpa? Estão preparados para lidar com as consequências legais do vosso comportamento negligente?
Ou seja, existem protocolos de actuação que deverão ser respeitados, o trabalho nesta área é específico, ninguém nasce ensinado, é necessário continuar sempre a estudar e, sobretudo, saber questões relacionadas com outras áreas, como leis (policiais, protecção civil, saúde, etc...), emergência (funcionamento das equipas de emergencia, primeiros socorros, etc...) e podiamos continuar a falar de muitas outras coisas...
Continuam a pensar que trabalham bem? olhem que a factura por efectuar um mau trabalho é sempre paga, para alguns até custa o próprio trabalho, infelizmente para as pessoas com quem trabalhamos às vezes são elas que pagam...
Como Psicólogos que somos temos o direito de exigir que o nosso trabalho seja bem efectuado, só assim podemos ser reconhecidos e lembrem-se para a próxima vez que forem fazer uma intervenção... Portugal é pequeno e tudo se sabe, as boas intervenções e muito mais depressa as más...
É do interesse de todos nós que trabalhemos em condições e com conhecimento do que estamos a fazer, portanto basta de irem a correr intervir, pensem primeiro.......
sexta-feira, abril 29, 2005
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