A Ordem dos Psicólogos, que deverá estar operacional no início de 2007, é essencial para controlar as boas práticas da profissão e para alargar as possibilidades de acesso a apoio psicológico, defendeu hoje o presidente da comissão instaladora.
Depois de a criação da Ordem dos Psicólogo ter sido aprovada na generalidade a 15 de Dezembro pela Assembleia da República, falta apenas uma formalidade parlamentar (uma votação final global) para conquistar "um desejo de há mais de 20 anos".
O presidente da comissão instaladora da Ordem, Telmo Baptista, sublinhou à agência Lusa que esta estrutura "vai ser muito importante quer para os psicólogos quer para os utentes".
"Temos muitos psicólogos e temos muita necessidade de psicólogos. Mas não há um encontro entre as duas coisas. Nós queremos promover esse encontro", disse, acrescentando que a Ordem deverá estar operacional no início do próximo ano.
A Ordem vai tentar contribuir para aumentar a prestação de apoio psicológico, alargando as possibilidades de acesso a um psicólogo nas diferentes áreas (clínica, educacional, empresarial).
"Muitas pessoas podem precisar de ajuda psicológica e dirigem- se a um centro de saúde, mas a maioria não tem psicólogo", exemplificou.
Para Telmo Baptista, a intervenção de um profissional de psicologia pode ainda ajudar a combater ou prevenir o absentismo no trabalho.
"No absentismo há muitas vezes factores psicológicos. Se for feito um atendimento a tempo e horas haverá um ganho substantivo para a pessoa e para a entidade empregadora", justificou, alegando que falta generalizar a presença de um psicólogo nas empresas ou instituições públicas.
Também nas escolas, Telmo Baptista considerou que "falta ainda um longo caminho a percorrer", não tanto no apoio vocacional, mas sobretudo na área de apoio psicológico.
A Ordem poderá ainda servir como local onde alguém pode manifestar o seu desagrado caso fique insatisfeito com os serviços de um psicólogo, o que actualmente não é possível.
No caso de suspeita de comportamento incorrecto, a Ordem pode instaurar processos ou abrir inquéritos e aplicar as respectivas sanções, à semelhança do que acontece noutras ordens profissionais, como a dos médicos ou dos advogados.
Passarão a ter acesso à Ordem os licenciados em psicologia com estágio curricular feito.
Até aqui existia apenas a Associação Pró-Ordem dos Psicólogos, criada em 2002 e que tem mais de 2.300 associados, que sempre lutou pela criação da Ordem.
"Uma associação tem um carácter de adesão que é totalmente opcional, já uma ordem não é opcional. Tem de se pertencer para exercer a profissão", explicou Telmo Baptista.
A comissão instaladora está agora a preparar o código de ética pelo qual vão ter de se reger os psicólogos portugueses, um documento onde a questão da confidencialidade da intervenção psicológica é "central".
"É uma questão centralíssima, mas também com consenso total entre os psicólogos", disse o responsável.
A constituição da Ordem vai ainda ajudar a saber quantos psicólogos existem em Portugal, já que apenas se conhece ao certo o número de licenciados em psicologia, que é de 14 mil.
Ao passado pertencem algumas questões, como a conflitualidade entre psicólogos e psiquiatras: "hoje em dia há um trabalho muito colaborativo, de complementaridade, um trabalho conjunto que só traz benefícios".
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