Portugal Diário 10-11-200
Leis não são adequadas a novos tipos de trauma que envolvem famílias de ex-combatentes, vítimas de atentados, bombeiros e mães de recém-nascidos.
A secretária nacional de Reabilitação reconheceu hoje que a legislação portuguesa ainda não está adequada aos novos tipos de stress pós- traumático que envolvem as famílias dos ex-combatentes, vítimas de atentados, bombeiros e mães de recém-nascidos.
Em declarações aos jornalistas, no final da sessão de abertura do
2º Congresso Internacional sobre e Pós- traumático, em Leiria
Cristina Louro prometeu que as conclusões do encontro vão ser estudadas "atentamente" pela tutela, já que se trata de "questões novas" que "ainda não têm uma resposta legal".
Matérias como os traumas causados pelo nascimento de bebés prematuros ou o stress dos bombeiros são "questões extremamente inovadoras", onde ainda "não há enquadramento da legislação portuguesa", que dá apenas atenção aos problemas do ex-combatentes.
Esta situação torna-se mais problemática devido à inexistência de uma "rede formal" de apoio do Estado às vítimas destes tipos de stress pós-traumático,
considerou Cristina Louro, salientando que nem sequer a opinião pública está consciencializada.
Trata-se de um "stress oculto", que terá de ter resposta do Governo, reconheceu a secretária nacional de Reabilitação, salientando que o ministro-adjunto do primeiro- ministro, Henrique Chaves, está atento ao problema.
Opinião semelhante manifestou o secretário de Estado da Defesa e dos Ex-combatentes, Pereira da Costa, que se mostrou sensibilizado com os problemas detectados nas famílias dos ex-combatentes, onde indícios de comportamento pós-traumático chegam a atingir a terceira geração.
"Sentimo-nos impotentes para viver com este problema", reconheceu, garantindo o empenho do Governo em encontrar formas de combater este fenómeno.
No estudo, apresentado pela delegação do Porto da Associação de Deficientes das Forças Armadas, os problemas psiquiátricos detectados no avô atingiram a família directa até à terceira geração, já que parte dos traumas foram passados através da educação dos descendentes.
Para Paulo Costa, investigador da Unidade de Investigação e Intervenção em Psicologia do Instituto Superior de Línguas e Administração de Leiria, muitos destes problemas psiquiátricos, que se revelam em traumas ou depressões contínuas, ainda estão por explicar.
"Há muitas coisas que só agora estão a ser investigadas, relacionando-as com problemas mais antigos", justificou o docente universitário.
Já Patuleia Mendes, presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, recordou os problemas por que passaram os ex-combatentes no Ultramar, que, "ao chegarem a Portugal foram recebidos quase como criminosos de guerra".
Para contrariar os problemas detectados nos ex- combatentes, Patuleia Mendes defende a ampliação da rede nacional de apoio às vítimas de stress pós-traumático de guerra fora de Lisboa e Porto, criando equipas multidisciplinares também no centro do país e nas ilhas.
"Temos de ter capacidade para fazer mais", desafiou.
Em resposta, o secretário de Estado da Defesa e dos Antigos Combatentes reconheceu as dificuldades orçamentais em ampliar a rede, mas prometeu o reforço da aposta do Governo nos "próximos anos" para tentar contrariar as limitações existentes.
sábado, novembro 13, 2004
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