segunda-feira, agosto 15, 2005

Situação traumática colectiva

Semblantes carregados e olhares taciturnos eram as marcas que ainda persistiam nos rostos dos Bombeiros Voluntários de Santa Marta de Penaguião, no dia seguinte ao da morte de Carlos Garcia.

Ao longo de toda a jornada de ontem, direcção, comando e autarquia local começaram a elaborar os preparativos para o funeral do bombeiro que vai hoje a enterrar pelas 16 horas para o cemitério de Cever (Santa Marta de Penaguião). A chegada da urna às instalações do quartel - onde ficará em câmara ardente - foi um momento doloroso para todo o efectivo. Viram-se muitas lágrimas e ouviram-se choros convulsos de bombeiros, familiares e amigos.

Mas esta é também uma hora em que é preciso "cuidar dos vivos". Assim, os bombeiros que estiveram no local da tragédia e a mãe do Carlos (65 anos) estão a ser alvo de apoio psicológico e social por parte de uma equipa constituída por Alexandre Favaios (psicólogo dos Bombeiros Voluntários da Cruz Branca), Catarina Almeida, psicóloga, e Sara Fernandes Teixeira, assistente social, as duas últimas técnicas do município.

Logo após a morte de Carlos Garcia, estiveram os três no quartel, prestando apoio aos nove bombeiros (oito homens e uma mulher) que viveram de perto os acontecimentos. "Deparou-se-nos um quadro de revolta, inconformismo da parte dos bombeiros" contou, ao JN , Catarina Almeida.

"Tivemos de os ouvir em primeiro lugar a manifestarem os seus sentimentos e depois com cautela começamos o nosso diálogo , de modo a estabilizá-los emocionalmente", acrescentou. Por sua vez, Sara Fernandes Teixeira (foi ela que informou a mãe do Carlos de que o filho morrera) disse, ao JN, que " a mãe da vitima foi logo acompanhada, tendo em atenção que é diabética e por tal a necessitar de cuidados especiais.

Vamos desenvolver contactos com as respectivas instituições, de modo a configurarmos uma situação de pré-reforma para a mãe do Carlos".

Nota: Jornal de Noticias, 15 de Agosto de 2005

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