sábado, janeiro 28, 2006

Ministério não controla apoio psicológico a alunos

O Ministério da Educação não está a par do que está a ser feito em termos de apoio psicológico aos alunos nas escolas. Não existe informação sobre como funcionam os serviços de psicologia e orientação que abrangem o ensino pré-escolar, o ensino básico e o ensino superior.

Os serviços de psicologia e orientação foram criados em 1991, altura em que Cavaco Silva era ainda primeiro-ministro, com o objectivo de assegurarem «a realização das acções de apoio psicológico e orientação escolar e profissional previstas no artigo 26º da Lei de Bases do Sistema Educativo».

«Neste momento existem essas estruturas, que o anterior Governo tentou extinguir, mas estão a funcionar com um número reduzido de psicólogos. A última vez que abriu concurso para integração destes profissionais nos quadros do Ministério da Educação foi em 1997», explica ao PortugalDiário Manuela Castelo Branco, presidente do Sindicato Nacional dos Psicólogos (SNP).

«Na Europa, a média é de um psicólogo por cada 400 alunos. Em Portugal, a média é de um psicólogo por cada 4000 alunos. É um serviço notoriamente insuficiente», explicita a psicóloga.

Muitas vezes, a situação que se encontra é a de um psicólogo afecto a um distrito, que «visita todas as escolas», o que faz com que «fique quase cinco ou seis meses sem voltar a uma determinada escola», o que «denigre a imagem dos psicólogos, que ficam conhecidos como aqueles que aparecem de vez em quando», diz Manuela Castelo Branco.

Segundo a psicóloga, o sindicato já expôs a situação «ao Ministério e até na Assembleia da República, mas ainda não tivemos resposta».

O PortugalDiário tentou averiguar junto da tutela como decorre o trabalho destes serviços, quantos alunos recebem apoio psicológico e quantas escolas contam com estes serviços. No entanto, a única resposta que a assessoria do Ministério deu foi que «não existem neste gabinete dados relativos à questão».

Desde 1986 que está contemplada na lei a questão do apoio psicológico e orientação escolar e profissional nas escolas. Segundo estabelecido na Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86), «o apoio no desenvolvimento psicológico dos alunos e à sua orientação escolar e profissional, bem como o apoio psicopedagógico às actividades educativas e ao sistema de relações da comunidade escolar, são realizados por serviços de psicologia e orientação escolar profissionais inseridos em estruturas regionais escolares».

Já em Maio de 1991, um decreto-lei determina a criação de «estruturas especializadas de orientação educativa que, inseridas na rede escolar, assegurem a realização de acções de apoio psicológico e orientação escolar e profissional».

No mesmo decreto-lei, ficam definidos os modelos de organização dos serviços: «Pelo carácter globalizante da educação pré-escolar e do 1º e 2º ciclos do ensino básico configurou-se um modelo de intervenção dominantemente psicopedagógico, enquanto no 3º ciclo do ensino básico e no ensino secundário a intervenção dos serviços inclui a vertente de orientação escolar e profissional».

O principal objectivo destes serviços é «prestar apoio de natureza psicológica e psicopedagógica a alunos, professores, pais e encarregados de educação, em «instalações próprias, adequadas ao exercício da sua actividade» dentro da escola.

Quanto à orientação técnico-normativa dos serviços, «é da responsabilidade da competente estrutura central do Ministério da Educação, que deverá promover a elaboração de material técnico-científico e de informação escolar e profissional necessário ao desenvolvimento das suas actividades».

A criação dos serviços é efectuada «sob proposta dos directores regionais de educação». Depois de feita a proposta, «a Direcção-Geral dos Ensinos Básico e Secundário apresentará o plano anual de início de funcionamento dos serviços, o qual será aprovado por despacho conjunto dos Ministros das Finanças e da Educação».

Ordem dos Psicólogos alarga acesso a apoio psicológico

Deverá estar operacional no início de 2007 e será essencial para controlar as boas práticas da profissão e para alargar as possibilidades de acesso a apoio psicológico.

A Ordem dos Psicólogos, que deverá estar operacional no início de 2007, é essencial para controlar as boas práticas da profissão e para alargar as possibilidades de acesso a apoio psicológico, defendeu hoje o presidente da comissão instaladora.

Depois de a criação da Ordem dos Psicólogo ter sido aprovada na generalidade a 15 de Dezembro pela Assembleia da República, falta apenas uma formalidade parlamentar (uma votação final global) para conquistar "um desejo de há mais de 20 anos".

O presidente da comissão instaladora da Ordem, Telmo Baptista, sublinhou à agência Lusa que esta estrutura "vai ser muito importante quer para os psicólogos quer para os utentes".

"Temos muitos psicólogos e temos muita necessidade de psicólogos. Mas não há um encontro entre as duas coisas. Nós queremos promover esse encontro", disse, acrescentando que a Ordem deverá estar operacional no início do próximo ano.

A Ordem vai tentar contribuir para aumentar a prestação de apoio psicológico, alargando as possibilidades de acesso a um psicólogo nas diferentes áreas (clínica, educacional, empresarial).

"Muitas pessoas podem precisar de ajuda psicológica e dirigem- se a um centro de saúde, mas a maioria não tem psicólogo", exemplificou.

Para Telmo Baptista, a intervenção de um profissional de psicologia pode ainda ajudar a combater ou prevenir o absentismo no trabalho.

"No absentismo há muitas vezes factores psicológicos. Se for feito um atendimento a tempo e horas haverá um ganho substantivo para a pessoa e para a entidade empregadora", justificou, alegando que falta generalizar a presença de um psicólogo nas empresas ou instituições públicas.

Também nas escolas, Telmo Baptista considerou que "falta ainda um longo caminho a percorrer", não tanto no apoio vocacional, mas sobretudo na área de apoio psicológico.
A Ordem poderá ainda servir como local onde alguém pode manifestar o seu desagrado caso fique insatisfeito com os serviços de um psicólogo, o que actualmente não é possível.

No caso de suspeita de comportamento incorrecto, a Ordem pode instaurar processos ou abrir inquéritos e aplicar as respectivas sanções, à semelhança do que acontece noutras ordens profissionais, como a dos médicos ou dos advogados.

Passarão a ter acesso à Ordem os licenciados em psicologia com estágio curricular feito.

Até aqui existia apenas a Associação Pró-Ordem dos Psicólogos, criada em 2002 e que tem mais de 2.300 associados, que sempre lutou pela criação da Ordem.
"Uma associação tem um carácter de adesão que é totalmente opcional, já uma ordem não é opcional. Tem de se pertencer para exercer a profissão", explicou Telmo Baptista.

A comissão instaladora está agora a preparar o código de ética pelo qual vão ter de se reger os psicólogos portugueses, um documento onde a questão da confidencialidade da intervenção psicológica é "central".

"É uma questão centralíssima, mas também com consenso total entre os psicólogos", disse o responsável.
A constituição da Ordem vai ainda ajudar a saber quantos psicólogos existem em Portugal, já que apenas se conhece ao certo o número de licenciados em psicologia, que é de 14 mil.

Ao passado pertencem algumas questões, como a conflitualidade entre psicólogos e psiquiatras: "hoje em dia há um trabalho muito colaborativo, de complementaridade, um trabalho conjunto que só traz benefícios".

1º Simpósio

PERTURBAÇÃO PÓS-STRESS TRAUMÁTICO
PORTALEGRE
17 DE FEVEREIRO DE 2006
AUDITÓRIO DO NERPOR
Parque de Feiras e Exposições de Portalegre

PROGRAMA

09h00 - Entrega de documentação e Recepção aos participantes

09h15 – Wellcome Coffe

09H30 – SESSÃO DE ABERTURA

10h00 – Mesa Redonda

Perturbação Pós-Stress traumático

“A Perturbação de Pós- Stress traumático”
• Dr. Paulo Góis, Psiquiatra, Hospital do Espírito Santo, Évora

“A realidade Portuguesa”
• Dra. Susana Oliveira, Psicóloga, “Associação Apoiar”

“O Pós -Stress Traumático nas Forças armadas Portuguesas”
• Dra. Mónica Fernandes, Psicóloga Hospital Militar Principal

“A realidade dos Bombeiros Portugueses”
• Dra. Ana Margarida Santos, Psicóloga, B.V. Amadora

• Moderador: Dr. Monteiro Ferreira, Psiquiatra, Hospitais da Universidade de Coimbra

11H45 – PAUSA PARA CAFÉ

12h00 – Conferência

Perturbação Pós-Stress Traumático: Resultados de um Estudo efectuado com os Bombeiros do Distrito de Portalegre

Escola Superior de Saúde de Portalegre- Vertente de Saúde Mental e Psiquiatria
• Alunos da 4ª Lic. B do Curso Superior de Licenciatura em Enfermagem
• Prof. João Claudino; Raul Cordeiro; Miguel de Arriaga

Comentadores:

• Dr. Abel Ramos, SNBPC

• Belo Costa, Coordenador do SNBPC-CDOS Portalegre

13H00 – PAUSA PARA ALMOÇO

14h00 – Mesa Redonda

Gestão de Factores de Stress na Área de Emergência
• Enf. Nelson Guerra, Presidente do CDR Sul da Ordem dos Enfermeiros
• Dr. Nelson Olim, Médico Cirurgião

• Moderador: A designar

15h00 – Mesa Redonda

Intervenção na crise: serviços de emergência
• Enf. Jorge Marques, Hospital Dr. José Maria Grande, Bombeiros Voluntários de Portalegre
• Dra. Joana Faria, Psicóloga, INEM

Moderador: A designar

15H45 – PAUSA PARA CAFÉ

16h00 – Mesa Redonda

Intervenção terapêutica

“Intervenção terapêutica”
• Dr. Monteiro Ferreira, Psiquiatra Hospitais da Universidade de Coimbra

“Realidade Virtual e Pós- Stress Traumático”
• Dr. Jorge Oliveira (ULHT) “Realidade Virtual e Pós- Stress Traumático”

“Intervenção Psico…terapêutica”
• Dr. Bruno Brito (Psicólogo)

• Moderador: Dr. Manuel Sardinha, Psiquiatra, Hospital Dr. José Maria Grande

17h00 – SESSÃO DE ENCERRAMENTO

INSCRIÇÕES

INSCRIÇÃO GRATUITA (CONDICIONADA À CAPACIDADE DO AUDITÓRIO)
CONTACTOS:
E-MAIL: simposioptsd@gmail.com
CDOS PORTALEGRE, RUA GARRETT Nº5 2ºESQ. 7300-183 PORTALEGRE
TELEFONE: 245366857
FAX: 245366780

sábado, janeiro 21, 2006

Stress pós-traumático: Sintomas podem surgir até 30 anos depois


Estudo do Hospital Militar de Coimbra


Os sintomas de stress pós-traumático entre os antigos combatentes revelam-se, em alguns casos apenas 30 anos depois dos conflitos armados, despoletados por cenas de guerra ou som de helicópteros ou metralhadoras - conclui um estudo do Hospital Militar de Coimbra.


O estudo denominado "Stress Pós-traumático - Dados da Investigação Portuguesa" e liderado pela médica Luísa Sales, mostra que, "em determinados indivíduos, os sintomas revelaram-se no decorrer do cumprimento do serviço militar, mas registaram-se também manifestações 30 anos depois". O estudo abrangeu um total de 206 ex-combatentes, com idades compreendidas entre os 55 e os 59 anos, e teve por base a análise das consultas de peritagem médico-legal entre Novembro de 2002 e Julho de 2005.


Um outro estudo, apresentado por João Monteiro Ferreira, analisou uma amostra de 91 veteranos de guerra e de 58 mulheres de alguns deles. Deste grupo, com elementos pertencentes a tropas especiais que efectuaram serviço em África, 66 por cento revelaram sintomas de stress pós-traumático, enquanto 78 por cento das mulheres "são portadoras de condições de stress pós-traumático secundário".


Fonte: Lusa
MNI-Médicos Na Internet