segunda-feira, setembro 05, 2005

Acidentes com bombeiros

Desde o início do ano, já morreram 11 homens e cerca de 500 ficaram com ferimentos, 237 deles a combater incêndios Marlene Bandeira conta como se feriu na Lousã .

Dois mil e cinco ficará marcado como o mais trágico dos últimos 20 anos. Desde Janeiro, já morreram 11 bombeiros, mais de 500 ficaram feridos, 237 em incêndios florestais. Só este fim-de-semana, contabilizaram-se 16 feridos 13, anteontem na Sertã, Pombal, Lousã e S. João da Pesqueira, e três ontem, em Lourosa. O estado em que se encontra o terreno - muito seco e com elevado combustível - é, na opinião do presidente da Liga dos Bombeiros, uma das razões para esses números. "Este ano, o fogo tem um comportamento anormal e imprevisível", frisa Duarte Caldeira, alertando para o facto das chamas se propagarem ao nível das copas das árvores. Acresce ainda que "os bombeiros estão a arriscar de mais no combate". O responsável revela que "muitos não estão devidamente equipados e protegidos na frente do fogo", devido "à falta de recursos financeiros das corporações". Lousã Marlene Bandeira, dos bombeiros de Góis, sofreu, anteontem, uma entorse, numa zona crítica do pé, mas já regressou a casa. O acidente aconteceu quando ela e mais dois bombeiros combatiam um incêndio na Lousã. Um deles, que sofreu queimaduras graves em 50% do corpo, permanece internado nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC). Mas Marlene diz que nada a fará desistir de voltar a combater incêndios. "Sou bombeira desde os 16 anos, tenho 24. Estou a tirar o curso de Direito, vivo em Coimbra, mas passo a vida em Góis, porque gosto de ajudar. Cada vez que a sirene toca, largo tudo". A jovem universitária diz que o incêndio da Lousã, anteontem, chegou a ser "muito perigoso", porque "decorreu numa zona de acácias, muito densa, com muitos buracos e armadilhas". E foi num desses buracos que Marlene se feriu. "A minha vontade de prosseguir era tanta que continuei, mas, depois, já não aguentava mais e tive de pedir ajuda", conta a bombeira. Marlene Bandeira admite que "o ambiente entre os bombeiros até pode ser, às vezes, de algum conflito", mas "quando estão em apuros ou a precisar de ajuda, dão todos as mãos. É uma família unida". Tal como o JN noticiou ontem, há dois dias, quando um carro de combate ao fogo se dirigia para combater um na Sertã, despistou-se ferindo dois bombeiros. Um despiste da viatura dos Municipais de Leiria fez, no mesmo dia, com que cinco homens ficassem com ferimentos. Carro ardido Três outros bombeiros de S.João da Pesqueira ficaram feridos, ainda anteontem, num fogo em Tabuaço, e viram as labaredas destruírem uma viatura da corporação. Segundo o comandante Fernando Ribeirinha, "a intensidade e a velocidade das chamas surpreendeu alguns homens que, na altura, combatiam o fogo e, na tentativa de salvarem o carro e dado o acentuado declive do terreno, caíram e andaram aos tombos". Acidente na estrada Três homens da corporação de Lourosa, Santa Maria da Feira, ficaram também ligeiramente feridos depois de se terem envolvido num acidente de viação, ontem à tarde, quando se dirigiam para o combate a mais um incêndio. O acidente, que envolveu um ligeiro de combate a incêndios, ocorreu quando os três homens iam de Pé de Moura, Gondomar, para Canedo, Feira. O condutor perdeu o controlo e embateu contra um eucalipto.

Nota: Jornal de Notícias, 05 de Setembro de 2005

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